Biólogos anunciaram, nesta quarta-feira, a descoberta espetacular de
uma nova espécie de lagarto gigante, um réptil do tamanho de um homem
adulto, e dotado de um pênis duplo, nas Filipinas.
O lagarto monitor, um animal arisco, porém colorido, é um primo
próximo do Dragão de Komodo, da Indonésia.
Mas ao contrário do temido Dragão, ele não é carnívoro, nem se
alimenta de carne podre. Ao contrário, é um animal totalmente pacífico e
come frutas.
Apelidado de ‘Varanus bitatawa’, o lagarto mede dois metros de
comprimento, segundo artigo publicado pela Royal Society britânica.
O lagarto foi encontrado em um rio no norte da ilha de Luzon, nas
Filipinas, e sobreviveu à perda de seu hábitat e à caça praticada pelos
moradores locais, que o usam para alimentação.
Não se sabe, no entanto, quantos destes animais sobreviveram. É quase
certo que a espécie esteja em sério risco de extinção e poderia ter
desaparecido completamente sem nunca ter sido catalogada se um grande
espécime do sexo masculino não tivesse sido resgatado, vivo, em poder de
um caçador, em junho passado.
A descoberta de uma espécie tão especial em uma área densamente
povoada e desmatada "é uma supresa sem precedentes", destacaram os
autores do relatório, em artigo publicado na revista especializada
Biology Letters.
As únicas descobertas de importância semelhante feitas nas últimas
décadas foram o macaco Kipunji, que habita uma pequena área de floresta
na Tanzânia, e o Saola, um bovino selvagem encontrado apenas no Vietnã e
no Laos.
O V. bitatawa tem marcas características e uma incomum anatomia
sexual. Seu corpo escamoso e pernas são de cor azul escura com pequenos
pontos amarelos claros, enquanto a cauda é marcada com segmentos
alternados verdes e pretos.
Os machos têm pênis duplos, denominados hemipênis, também encontrados
em cobras e outros lagartos. Os dois pênis normalmente são usados
alternativamente, e algumas vezes contêm espinhos ou ganchos para
prender o macho à fêmea durante o acasalamento.
O lagarto gigante tem um parente no sul de Luzon, o V. olivaceus, mas
as espécies são separadas por vales ribeirinhos e por um precipício de
150 km de extensão, o que torna provável que nunca tenham se encontrado.
Segundo os cientistas, uma razão que explicaria porque o novo lagarto
não foi detectado até agora é que ele nunca deixou as florestas das
montanhas de Sierra Madre, de onde é nativo, para se aventurar em
espaços abertos.
A descoberta "eleva o reconhecimento das Filipinas como uma
importante área de preservação global e uma superpotência regional de
biodiversidade", concluíram os autores.
O lagarto gigante deverá se tornar uma "espécie marco" para os
esforços de conservação com vistas a preservar as florestas
remanescentes do norte de Luzon, que desaparecem rapidamente sob a
pressão da expansão populacional e do desmatamento.
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